Fé, Schirmer e fotos: os bastidores do oitavo dia do júri da Kiss

O oitavo dia do júri do Caso Kiss é o último de oitivas às testemunhas. Depois ocorre o interrogatório dos quatro réus (além de Elissandro e Mauro, o ex-vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o ex-produtor de palco da banda Luciano Bonilha Leão). Nos bastidores desta quarta-feira, teve demonstração de fé, almoço das partes no mesmo restaurante e falas de dois dos depoimentos mais esperados entre as 28 testemunhas.

FÉ
Para o oitavo dia de oitivas, Flávio Silva, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), chegou com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. A imagem foi presente do cantor Daniel. Uma outra imagem, que ficava em frente da boate, foi vandalizada. Na época, um boato surgiu dizendo que seria presente do sertanejo. A assessoria do músico negou o rumor, mas acabou enviando uma nova imagem de presente para os pais. Essa imagem é que foi levada ao plenário

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Elizete Andreatta, mãe de Ariel Andreatta, uma das vítimas, conta que se emocionou ao ver Flávio entrando no plenário com Nossa Senhora Aparecida. Ela falou que o último presente que ganhou do filho, no final de 2012, foi um colar com o pingente da santinha, o qual usa até hoje. "Ele me disse, quando me deu o presente: mãe, estou te dando a Nossa Senhora Aparecida porque vamos precisar muito dela ", contou Elizete. data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

ALMOÇO
Em um restaurante próximo do Foro Central, os réus Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos almoçaram, ontem, junto de seus advogados. No mesmo restaurante, funcionários do MP e um dos promotores do caso, David Medina da Silva, também almoçaram, porém em uma mesa afastada

FOTOS DE HOMENAGEM
O oitavo dia de júri do caso Kiss foi marcado por uma intervenção em frente ao Foro Central I, em Porto Alegre. Pais e sobreviventes pararam em frente ao prédio carregando fotografias impressas do interior de onde funcionava a boate. As imagens, em preto e branco, foram feitas pelo fotógrafo Dartanhan Baldez, que acompanha a AVTSM.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Por alguns minutos, eles se posicionaram em frente da fachada mostrando as fotos. Depois, seguiram para dentro do prédio de onde continuaram acompanhando a sessão do júri. Kelen Ferreira, Gabriel Barros e Delvani Rosso, três dos sobreviventes da tragédia, analisaram os registros e recordam de momentos de entrada e saída da casa noturna por meio dos retratos.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

SCHIRMER
Ex-prefeito de Santa Maria na época da tragédia, Cezar Schirmer depõe. Ele foi arrolado como testemunha da defesa de Elissandro Spohr. Depoimento era um dos mais aguardos no julgamento. Veja trechos:

"Houve uma indicação da Polícia Civil ao MP que eu fosse processado por homicídio e improbidade admiministrativa. Mais de 20 promotores, desembargador, e subprocurador de Justiça, todos arquivaram. A primeira instância, em Santa Maria, foi arquivado. Foi para 4ª Câmara..."
"O inquérito foi feito pela imprensa, foi de forma medíocre e espetaculosa"
"Desde o começo ouço insinuações que deveria estar aqui, não como testemunha, como réu. Eu não fiz nada"

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Enquanto ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer falava, pais esvaziam o plenário. Uma mãe deixou o local chorando e precisou de atendimento

"Foram mais de 150 vezes que chamaram funcionários da prefeitura. E eu fui chamado por causa da truculência da polícia. Um funcionário teve um isquemia por causa da pressão, acabou se aposentando. Isso é uma vergonha, digo isso pela primeira vez da minha vida"

PROMOTOR DE JUSTIÇA
Promotor de Justiça, Ricardo Lozza foi a última testemunha a depor, ontem. Ele disse que quem deveria tomar atitudes é a prefeitura, por ser órgão administrativo: "no momento que questiono o município se tem licença, e a prefeitura diz que não tem licença. Eu tenho que esperar que esse órgão instaure um processo administrativo para saber o que está acontecendo"

O promotor foi incisivo sobre três pontos: o primeiro, em que afirma que Ministério Público não tem nenhuma ligação com a questão da espuma da boate; o segundo, de que ele mesmo esteve dentro da boate Kiss, "gente, isso é mentira", afirmou; e terceiro, sobre os questionamentos dos porquês o MP não fechou a boate. Segundo Lozza, "o ministério público fiscalizou dentro da sua atribuição"

O promotor Ricardo Lozza iniciou o depoimento discorrendo sobre procedimentos para casos de danos ambientais. Ele explicou que, no caso da Kiss, o que ocorria era poluição sonora devido ao barulho. No meio da explicação, parou e disse que "não cometeria um crime ambiental", mas tinha um mosquito ali. Lozza abanou a sua volta e seguiu o depoimento

Mais tarde, o juiz Orlando Faccini Neto pediu que promotor Ricardo Lozza seja mais objetivo em respostas. "Daqui a pouco vou buscar um chá com rosquinhas".

ELISSANDRO SPOHR
O ex-sócio da boate foi o primeiro dos quatro réus a ter o interrogatório. Ele chorou e demonstrou bastante emoção. Foi necessário fazer intervalo. Pais e sobreviventes deram as mãos e se abraçaram durante a fala.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Fé, Schirmer e fotos: os bastidores do oitavo dia do júri da Kiss

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